O bitcoin é hoje em dia a principal criptomoeda do mundo. E o que seria isso? Nada mais do que uma moeda criptografada, que é descentralizada e não está sob poder ou custódia de instituições financeiras. O fato é que a moeda digital não tem regulação do Banco Central.
No entanto, isso não tem feito com que ela não ganhasse força no país. Um dos motivos principais é a sua rápida valorização. Para quem não sabe, a cotação do bitcoin passou dos 3 mil dólares por unidade para 16 mil dólares. Sim, cada bitcoin vale 16 mil dólares.
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Confira os principais tópicos deste artigo:
- Qual a relação do meio ambiente com as criptomoedas;
- Como funciona o consumo de energia e a emissão das moedas;
- Comparativo entre gastos dos bancos e dos ativos digitais;
- Opções de moedas sustentáveis.
Número de investidores brasileiros em criptomoedas é alto
Para contextualizar o assunto, considere que o número de investidores brasileiros em bitcoin está bem próximo do número de investidores total do Tesouro Direto. É isso mesmo. Assim, ele está bem perto de 1,4 milhão, o que é mais do que o dobro dos cadastrados na B3.
Conforme estudos, se o número de novos investidores se manter no mesmo ritmo, em pouco tempo vai passar o volume dos cadastrados no Tesouro, que atualmente está em 1,8 milhão. Já em termos de volumes financeiros movimentados com as criptomoedas, ele passou de R$ 8 bilhões.
E isso tudo vem acontecendo após a valorização de 1.400%. O maior grupo de investidores em criptomoedas no Brasil é formado por homens, entre 25 e 35 anos. É a prova de que o público de investidores do país está se abrindo aos poucos para investimentos de risco.
O custo ambiental da moeda digital
Deixando um pouco de lado a questão financeira da moeda, vamos pensar do lado ambiental. Até mesmo porque com tamanha valorização em pouco tempo, dificilmente alguém daria atenção para esse lado, que pode ser obscuro dependendo do seu ponto de vista.
Isso porque a moeda digital tem a sua parcela de culpa quando o assunto tem a ver com os danos ambientais no planeta. Da mesma forma que o armazenamento de dados digitais causa a poluição, a moeda digital, por estar na rede, acaba sendo coadjuvante da história.
Obviamente, os bitcoins e as outras criptomoedas não surgem do além. Na verdade, elas vêm de um processo que é chamado de mineração. E para gerar as novas moedas digitais, os computadores trabalham incansavelmente por 24 horas por dia.
A mineração das criptomoedas
Do mesmo modo que para se criar moedas digitais é preciso de máquinas operantes o tempo todo, considere que para fazer a mineração também. Afinal, as máquinas de última geração devem ter um desempenho altíssimo, o que também consome energia.
Então, se a gente puder fazer uma relação direta entre a sustentabilidade e o bitcoin dá para dizer que conforme cresce a procura por esse investimento também cresce o número de pessoas que querem colocar seus computadores em ação e de forma potente.
É por isso que as pessoas e os especialistas preocupados com o impacto ambiental das moedas digitais estão trazendo o assunto para as mídias, cada vez mais. Um deles é Eric Holthaus, que diz que as transações financeiras digitais vêm com um custo envolvido para o mundo real.
Tudo o que está na internet demanda de energia
Para quebrar o assunto das criptomoedas, a gente tem aqui um tópico muito interessante que é voltado para quem ainda não captou a ideia do consumo de energia que vem da internet. Há algum tempo tem circulado na internet uma pesquisa sobre o envio de e-mails.
Se você não sabe, aqui está a informação: o recebimento de um e-mail que cai na sua caixa de spam tem uma pegada de carbono pequena, de 0,3 gramas de CO2. Enquanto isso, um e-mail com foto anexada tem uma pegada bem maior, de 50 gramas de CO2.
Ou seja, devido a essa questão socioambiental muitos provadores de nuvem estão se comprometendo a reduzir as emissões de CO2 no mundo. Para isso, buscam formas alternativas de abordar os conteúdos. E o assunto também chegou nas moedas digitais.
A demanda da energia das moedas digitais
Inclusive, estudos mostram que a quantidade de energia usada para cada transação feita com bitcoins daria para alimentar 9 casas americanas durante um dia todo. E tem mais: a rede disso tudo é 100 mil vezes maior do que os 500 computadores mais rápidos do mundo ligados.
O problema é que o consumo de energia gerado pelos hardwares em busca das moedas digitais está estimado em 31 terawatts por hora por ano. Ou seja, o que isso quer dizer? Que é um consumo maior do que o de 150 países do mundo todo.
Ah, e saiba que a cada dia que passa, esse consumo aumenta em 450 gigawatts por hora. Esse valor é o mesmo do que o Haiti. Sim, a cada dia, a energia gasta nas criptomoedas é igual ao que o Haiti consome em um ano inteiro. É algo assustador, não acha?
Nem tão ruim quanto os bancos?
Mais recentemente, uma nova pesquisa saiu afirmando que se comparado com os bancos tradicionais, o bitcoin não é tão ruim assim. O motivo seria o fato de que mantém saldos e transações em um local centralizado (blockchain).
Logo, essa ideia de computadores especiais, ainda assim, requer muita eletricidade. Porém, considerando estimativas do impacto associado pela rede P2P, a mineração não seria tão ruim como os bancos tradicionais.
No entanto, outros pesquisadores contestaram a análise. Eles dizem que a localização dos mineradores possui maior impacto no meio ambiente porque usam áreas de combustíveis fósseis para eletricidade, como é o caso da Mongólia, na China.
Uma alternativa: a mineração mais ecológica
Nesse mesmo viés, a gente também deve citar aqui que algumas empresas têm se mostrado interessadas em buscar soluções alternativas para a mineração das moedas digitais criptografadas. Uma delas é a Square, empresa de pagamentos.
A Square optou por apoiar a mineração de bitcoin desde que use formas sustentáveis de energia. Ou melhor, que use a energia renovável. Assim, a ideia é fazer parte de uma iniciativa que seja mais ecológica dentro do tema das moedas.
A parceria se iniciou com a Watershed. Agora, elas querem reduzir as emissões de carbono. Ou melhor, reduzir as emissões de escopo 3. Outra coisa tem a ver com a aplicação de 10 milhões de dólares na Iniciativa de Investimento em Energia Renovável para o Bitcoin.
Os contêineres ecológicos para mineração de bitcoin
Mais uma notícia que pode ser vista como ponto positivo para o meio ambiente vem da Northern Bitcoin AG, que é focada na infraestrutura da mineração de Bitcoin. Ela anunciou a conclusão dos testes para lançar um novo contêiner de mineração que é refrigerado a ar.
A solução é móvel e foi pensada para ser mais eficiente. Assim, dá para chegar em locais mais frios durante o ano todo. Para quem não entendeu, essa empresa fornece hardware de mineração focados em Bitcoin.
Agora quer usar fontes renováveis de energia. Assim, o novo contêiner será refrigerado a água e a ideia é chegar em lugares que possuem fontes de energia renováveis, como a hidrelétrica, que além de tudo é mais barata.
Uruguai faz campanha para atrair mineiros de bitcoin
No ano de 2018 saiu uma matéria na rede falando que o Uruguai, através de uma empresa de energia eólica e solar, estava convocando mineiros de Bitcoin para trabalharem de lá. O motivo seria “uma democracia estável repleta de energia renovável”.
A empresa por trás da campanha é a Ventus Ingenieria, que financiou a instalação de 200 quilowatts no país. Além do mais, a Ventus está minando bitcoins em pequena escala em dois parques eólicos desde 2016. Logo, a ideia era atrair mais profissionais.
Ainda que existam países latino americanos com energia mais barata, a Ventus falava que fazer negócios em uma democracia estável tem a sua vantagem. Inclusive, na época, a companhia falou em emitir a própria criptomoeda.
Criptomoeda socioambiental
Mais um ponto interessante é ver que através desses estudos, muitas companhias têm se aproveitado para lançar no mercado financeiro algumas novas moedas digitais. Porém, agora focadas justamente na sustentabilidade.
E o melhor exemplo é o da TorusCash, que oferece retorno financeiro e destina os recursos para organizações que promovem ações sustentáveis. A moeda foi emitida em 100 milhões de unidades e 32 instituições vão receber 5% do total delas.
O projeto tem 32 cofundadores que ficarão com 10% das moedas. Assim, o projeto vai trazer retorno financeiro para quem investe também. A oferta começou em maio de 2018 a uma cotação de R$ 0,0112.
Uma estimativa mais conservadora
Na outra ponta, a gente também deve considerar que as empresas por trás dessas moedas falam em estimativas mais conservadoras. Por exemplo, a CoinShares, que faz a gestão dos ativos digitais, diz exatamente isso. E garante que 80% das mineradoras de Bitcoin usam energia renovável.
Ainda conforme a opinião da empresa, esse dado vem de um estudo feito em Sichuan, na China, de onde vem quase metade de todo bitcoin que existe no mundo. Inclusive, eles dizem que como a região é fria nem é preciso fazer uso total dos sistemas de resfriamento.