O assunto gera muita polêmica aqui no Brasil. No entanto, o que se sabe, porque a história conta, é que existiram privatizações em quase todos os governos desde a Era de José Sarney chegando até o governo de Jair Bolsonaro.
Nas próximas linhas, você vai conhecer as maiores estatais brasileiras que foram privatizadas durante todo esse tempo. Só que antes disso, vamos entender brevemente como tudo começou a ganhar força por aqui, através do governo de FHC.
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A privatização no Brasil
A privatização é um processo que transfere uma empresa ou órgão que era pertencente ao poder público para as iniciativas privadas. Isso se faz através de vendas, geralmente, que acontecem nos leilões públicos. O assunto tem sido comum durante o Governo Bolsonaro.
O processo é muito mais comum do que muita gente pensa. Inclusive, aqui no Brasil. No entanto, ele se tornou mais intenso a partir dos anos 80. E foi na década seguinte que ganhou destaque, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso privatizou mais de 100 empresas.
No Brasil, uma das últimas privatizações que aconteceram e causou bastante polêmica foi no caso da Companha Vale do Rio Doce, que é uma das maiores empresas de minério do mundo. A discussão teve a ver com o valor da venda, pouco mais de US$ 3 bilhões, na época.
Confira agora a lista com as maiores privatizações de todos os tempos!
9. Gerasul
A primeira das privatizações do Brasil que vamos citar aqui é a da Gerasul, que também tem um caso curioso. Ela aconteceu em 1998, quando a Tractebel Eletricity e Gas International arrematou na Bolsa de Valores do Rio mais de 9% das ações por R$ 95,8 milhões.
Isso porque a empresa belga já havia vencido o leilão da privatização em setembro do mesmo ano, comprando 42% das ações totais da brasileira. A curiosidade está no fato de que a estatal gerava 3.719 MW de energia em 1998 antes da privatização.
Após 21 anos, são 8.711 MW gerados em 8 estados a mais do que era em 1998. Hoje, a Gerasul tem o nome de Engie, que muita gente conhece por ser uma das empresas mais procuradas e visadas da Bolsa de Valores do Brasil, a B3.
8. Mafersa
A privatização dessa empresa aconteceu em 1991, quando a Associação dos Funcionários da Rede Ferroviária Federal adquiriu o direito e controle de mais de 90% das ações. Mas, na mesma década faliu, sendo que em 1997 encerrou as atividades de equipamentos ferroviários e em 1999 de rodas.
Os sucessores foram a Alstom na parte de equipamentos e a MWL na fundição e nas rodas. Para quem não sabe, a Mafersa é a Material Ferroviário S/A, uma das maiores e mais importantes fabricantes da indústria de material ferroviário do país.
A produção total foi de mais de 1.200 carros ferroviários, especialmente em parceria com a The Budd Company. Também foi responsável pela Série 100 da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. E mais tarde pela linha do Metropolitano de São Paulo.
7. Light
A Light tem uma história curiosa. Ela é uma empresa privada de geração, distribuição, comercialização e soluções de energia elétrica. Foi fundada em 1905, portanto, é centenária. A curiosidade está no fato de que no fim da década de 70 assinou um contrato de concessão.
Assim, o ministro de minas da época, através da Eletrobrás, adquiriu o controle acionário da empresa. Ou seja, ela foi estatizada. Porém, em maio de 1996, através do programa federal de estatização, novos empresários compraram os direitos sobre a Light.
Na verdade, são várias empresas que adquiriram direito sobre ela. Somadas, elas representam mais de 80% do capital da Light. Já a outra parte fica com os acionistas minoritários. Atualmente, a principal acionista é a EDF International, da França.
6. Usiminas
O caso da Usiminas tem que estar aqui por um motivo único: é considerada a primeira estatal vendida. Isso porque o programa de privatização do Governo Federal começou em 1990, durante o Governo Collor. E a primeira venda aconteceu em 1991, com a siderúrgica Usiminas.
A escolha da companhia foi considerada pelo fato de ser um grande atrativo para o setor privado. Após a privatização, a Usiminas conseguiu se manter como a melhor empresa do país, conforme pesquisa da Revista Exame, até 1994.
Curiosamente, a fundação da empresa aconteceu em 1956, quando a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais aproveitou o auge do milagre econômico, investindo muito no ciclo de expansão da indústria brasileira.
5. Embratel
A Embratel, Empresa Brasileira de Telecomunicações, também foi privatizada. Ela era responsável pelas ligações telefônicas de longa distância e pelos serviços de teleconferência no país. No leilão da privatização foi comprada pela norte-americana MCI Communications.
No entanto, a empresa se envolveu em casos de fraudes na administração nos Estados Unidos. Assim, hoje em dia a Embratel é administrada pela empresa mexicana Telmex. Na privatização, a venda aconteceu por R$ 2,65 bilhões, com ágio de 47,22% no valor mínimo estipulado.
Mais tarde, durante a análise de conversas ilegais que foram gravadas, o ministro Mendonça de Barros fala que estimulou a entrada da MCI no leilão e congratulou eles pela vitória antecipada. Ou seja, o leilão pode ter sido corrompido. A privatização foi em 1998 por FHC.
4. Banespa
O Banco do Estado de São Paulo, o Banespa, também tem a sua história de importância dentro das privatizações que aconteceram no Brasil. A fundação se deu em 1909 e com o leilão da privatização, ele foi encerrado, no ano de 2000. Isso no governo FHC.
O processo de privatização do Banespa iniciou-se em 1994 e terminou em 2000. Sendo assim, em fevereiro, a diretoria do banco lançou os informes e as cartilhas ao funcionalismo. Sendo que em novembro do mesmo ano, o banco foi arrematado e incorporado ao Santander.
Um pouco antes de ser leiloado, o banco totalizava mais de 530 agências, com atuação em mais de 400 municípios, quase 700 PABs e 6 PAAAs. Inclusive, a agência Banespa era a única agência bancária de 93 cidades brasileiras.
3. Telebrás
A privatização da Telebrás também merece um destaque aqui no nosso texto porque foi considerada uma das maiores da história e, talvez, a mais polêmica também. Ela aconteceu em julho de 1998 durante o Governo FHC, também.
A arrecadação do governo foi de R$ 22 bilhões, sendo que 20% das ações lhe pertencia e isso dava o direito acionário da empresa. A curiosidade está no fato de que a Telebrás foi dividida em 12 empresas, que foram leiloadas na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
A partir disso, se criou 3 grupos de telefonia fixa, 8 de telefonia móvel e 1 de longa distância. A polêmica apareceu no ano seguinte, quando a Folha de S. Paulo obteve conversas gravadas de grampo ilegal de telefones do BNDES que levantaram suspeitas sobre um consórcio de leilão.
2. Companhia Siderúrgica Nacional
A CSN, Companhia Siderúrgica Nacional, foi privatizada no ano de 1993 pelo Governo Itamar Franco. A empresa tinha um prejuízo médio anual de R$ 1 bilhão e passou a ter um lucro médio anual de R$ 232 milhões depois do processo.
A venda aconteceu por cerca de R$ 1,2 bilhão e isso permitiu o cancelamento de uma dívida no mesmo valor. Assim, a venda corresponde a 2% das receitas totais. Assim, esse se tornou o melhor exemplo de que a privatização pode ser significativa para as contas públicas no país.
Uma próxima curiosidade é que após a privatização, o investimento anual passou a ser de R$ 256 milhões, na média. Mas, antes do processo, a empresa investia apenas R$ 65 milhões. Esse foi um grande incentivo para tornar a CSN uma das grandes do país.
1. Companhia Vale do Rio Doce
A Vale foi a primeira companhia estatal a ser privatizada pelo governo FHC, sendo a que mais causou revolta por parte dos que são contra as privatizações. O leilão aconteceu no ano de 1997.
O vencedor no leilão da antiga estatal foi o empresário Benjamin Steinbruch, que adquiriu o direito acionário da Vale por pouco mais de US$ 3,3 bilhões. Logo após isso, a empresa se beneficiou com o aumento de preço mundial do minério de ferro, que era o principal produto da Vale.
Em outubro de 2006, com os lucros nacionais, a Vale comprou a mineradora canadense Inco, que se tornou subsidiária integral. Assim, em 2007, a Vale se tornou a segunda maior mineradora do mundo.
As novas privatizações no Brasil
Desde quando assumiu o governo brasileiro, Jair Bolsonaro fala sobre as privatizações. Até aqui ele privatizou 8 empresas. Ainda assim, jornais e sites têm publicado as possíveis empresas a serem privatizadas, em um processo que deve iniciar neste ano.
Entre os nomes mais cotados, nós temos:
- Correios;
- Eletrobras;
- Telebras;
- Lotex;
- Codesp;
- EBC;
- Trensurb;
- CBTU;
- Serpro;
- Emgea;
- ABGF;
- Dataprev;
- Ceasaminas.
A Caixa não foi privatizada
Ainda pensando no que o governo de Bolsonaro tem dito sobre as privatizações, muita gente tem se perguntado sobre a privatização da Caixa Econômica Federal. No entanto, Bolsonaro diz que ela não está na lista das opções.
No mesmo dia, o presidente chegou a falar que o Banco do Brasil e a Casa da Moeda também não serão privatizadas. Mas, os próximos nomes, mencionados antes, devem continuar no foco.