A era digital trouxe inúmeros benefícios para o consumidor enquanto cliente e também enquanto trabalhador. Com o advento dos aplicativos que fornecem serviços contratados para a sociedade, ficou mais fácil se inserir no mercado de trabalho.
Entre as aplicações famosas que possibilitam a venda de mão de obra, estão aqueles que são relacionados aos transportes. Na intenção de substituir o táxi, com serviços de maior qualidade, apps como Uber, 99 e Cabify vivem uma ascensão no mercado.
Com isso, o brasileiro que estava desempregado, não pensou duas vezes e comprou a ideia dos apps de mobilidade. Portanto, além de possibilitar a diminuição do desemprego, as aplicações influenciaram no número de financiamentos e, consequentemente, de carros em circulação.
O aumento nos financiamentos
De acordo com análise feita pela B3 (bolsa de valores), houve um crescimento de 9,1% na quantidade de financiamentos de motos, caminhões e carros em relação ao primeiro semestre de 2018.
Além disso, o levantamento feito pela operadora do Sistema Nacional de Gravames, aponta uma outra informação. Com os financiamentos, cerca de 2,87 milhões de novos veículos foram comprados, entre eles, 1,06 automóveis possuem 0 kms rodados.
Para explicar o aumento, os especialistas tendem a atribuir justamente à consolidação dos aplicativos de transporte. É o que diz Juliana Inhasz, que é coordenadora da graduação em Economia do Insper, que considera que o setor de transportes se tornou uma alternativa de renda influenciando a compra de automóveis.
Financiamento foi motivado por uso profissional
De acordo com Nicola Tingas, economista chefe da Acrefi, esse aumento no número de financiamento de veículos vem acontecendo desde o último ano. Tingas comenta como a movimentação é importante para o mercado brasileiro.
Ele diz que o crescimento desde o ano passado é notório um crescimento. No entanto, os avanços representam apenas um aumento na quantidade de investimentos em uma ferramenta de trabalho.
Aliás, ainda está longe de aquecer o mercado de consumo nas circunstâncias econômicas atuais. O economista da Acrefi ainda comenta que par ele o financiamento indireto, via Uber, não é um consumo pois o cliente não comprou o carro para uso pessoal.
Especialistas apontam que mercado ainda precisa melhorar
O desenvolvimento das compras de veículos maiores, como caminhões, também está incluído nessa perspectiva de investimento. As vendas desse tipo de automóvel também passaram por um momento de expansão.
Comparado ao primeiro semestre de 2019, houve um crescimento de 23,47% no número de financiamentos. Porém, esse aquecimento nas vendas, ainda não implica na recuperação do mercado econômico brasileiro, segundo Juliana Inhasz.
"Apesar da alta ser significativa, a gente está falando de uma base muito ruim. Parece uma bruta de uma alta, mas, na verdade, é uma recomposição, a gente está tentando recuperar um setor que tinha sofrido muito com a crise"
Apesar da recuperação, previsão de retomada é de 6 anos
Contudo, existem indicadores de que o cenário está se recuperando e possui uma perspectiva melhor para os próximos anos. Entre os fatores que indicam essa melhora, estão a queda na taxa do desemprego, comenta Juliana.
No entanto, a coordenadora também enfatiza que o caminho ainda é longo para que tudo se organize e volte a ser como antes. Segundo ela, ainda serão necessários cerca de 6 anos de trabalho para retornar à realidade de 2012 e 2013.