Possível retorno do Auxílio Emergencial preocupa o mercado

Na última sexta-feira (22), Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, receberam carta de 18 secretários da fazenda solicitando a prorrogação do Auxílio Emergencial.

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O panorama de segunda onda da pandemia no Brasil, aliado ao declínio de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), fez crescer a expectativa em analistas do mercado financeiro a possibilidade de que ocorra o retorno do Auxílio Emergencial.

Fonte: (Reprodução/Internet)

Maia já se posicionou favoravelmente à aprovação do pedido, que na visão dos especialistas financeiros é preocupante e de matiz pessimista diante da situação fiscal e quadro econômico geral do país.

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Por que a preocupação do mercado com a prorrogação do Auxílio Emergencial?

Rumorejos iniciais da volta do Auxílio Emergencial no início deste ano, ao qual teve a derradeira parcela aprovado em dezembro de 2019 e saque liberado no mês de janeiro, surgiram com maus olhos para o mercado financeiro.

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Especialistas esclarecem que o pessimismo diante da possibilidade dessa extensão pelo governo brasileiro tem relação em um primeiro momento com as contínuas quedas do Ibovespa, que apresentou balanços que anularam os ganhos deste mês.

Na manhã desta segunda-feira (25), o índice estava em 117.380,49, com nova queda de 0,80%, sendo as maiores baixas as ações da IRBrasil Reon NM (8,95%), CVC Brasil (4,98%) e Eletrobrás (3,39%).

Rombo das contas públicas

A expectativa de um retorno do suspenso Auxílio Emergencial tem fundamento em possíveis discussões de parlamentares e também por conta do aumento do número de casos da Covid-19 e número de mortos no país. Aliado ao cenário, a questão das contas públicas já é preocupação antes mesmo da pandemia ampliar a recessão econômica.

A pandemia e suas incertezas, em consonância com a crescente impopularidade do governo, gera previsões que levem a crença de aumento de gastos do governo para tentar reverter a situação. Assim, despesas extras, o que inclui o auxílio, não parecem caber no orçamento público.

Contas públicas pesam mais na balança do mercado

Se por um lado os analistas do mercado reconhecem que o auxílio foi em grande extensão o motor da economia, e o possível ensaio de uma retomada, a maioria parece vê agora na sua prorrogação uma inquietante chance de o mesmo não ser capaz de entrar no teto de gastos.

A tendência neste momento é que a balança pese a favor das contas públicas, ainda que o benefício federal surta efeito positivo na economia. Uma piora das contas públicas de certa maneira não é tão esperado quanto à estagnação já previsível da economia brasileira.

O economista Jason Vieira da empresa Infinity Asset é um dos que acredita que o prejuízo fiscal tem maior impacto negativo a curto prazo, já que a perspectiva de recuperação econômica já não é novidade para o país, ao qual será de forma lenta.

Desestímulo ao investimento estrangeiro

Flávio Aragão, um dos sócios do 051 Capital leva em conta que o aumento das dívidas também tem efeito prejudicial na atração de investimentos estrangeiros, influenciando desfavoravelmente no desenvolvimento econômico do país.

Basicamente na visão de Aragão o mercado enxerga a solução do Auxílio Emergencial como uma saída a curto prazo é um estrago a longo prazo, uma vez que os desequilíbrios econômicos somados a todos os fatores de crise somam contra o benefício.

Por fim, José Falcão, analista da Easynvest, vincula o prolongamento do pagamento do auxílio à perda de credibilidade do país, já que em alguns meses as contas públicas recebem um “respiro” e em outro está sobrecarregada, pressionando a altos juros e taxas de câmbio.

References

mercado financeiro - Risco de volta do auxílio preocupa o mercado | De Olho no Mercado | Valor Investe